quinta-feira, 10 de maio de 2012

"Hulk, tem calma e pede que joguem para ti"

Improvável, mas possível. Com sete golos nas últimas quatro jornadas, Hulk deu um pulo na tabela dos marcadores e está a um hat trick de Cardozo e Lima, os avançados que pareciam condenados a uma luta a dois pelo título individual que ainda pertence ao Incrível (23 remates certeiros em 2010/11). Hulk tem, pelo menos, o mérito de ser levado em consideração à entrada para a última jornada, podendo ser o primeiro goleador a repetir a distinção desde Jardel.

Para a disputa com o paraguaio e o brasileiro, serve de exemplo e de inspiração o feito de Benni McCarthy em 2003/04, quando assinou três golos na última jornada para ultrapassar Adriano (então no Nacional) e juntar o troféu de melhor marcador ao bicampeonato (outra coincidência) do FC Porto de Mourinho.

O sul-africano, hoje no Orlando Pirates, falou a O JOGO sobre esse feito e deixou uma dica a Hulk. "Quem sou eu para te dar conselhos, mas tem calma e pede à equipa que jogue para ti. Se estiveres ansioso vais atrair os adversários, eles sentem e caem logo em cima de ti", atira Benni, que não vê a ambição pessoal como um troféu fútil: "É ótimo para uma equipa ser campeã, ter o melhor jogador e o melhor marcador. Não acreditam? Perguntem ao Mourinho..."

Podíamos fazê-lo, mas McCarthy tem uma memória prodigiosa e recua com detalhe até àquela tarde de maio de 2004. "O Adriano, do Nacional, jogou antes de nós e marcou um golo, passando a ter mais dois do que eu. O Mourinho entrou no balneário e disse: 'Atenção, hoje é preciso que o Benni marque três golos. Quero ter o melhor marcador, por isso hoje mais ninguém marca golos, nem que o guarda-redes não esteja na baliza. Hoje é para jogar para o Benni.'"

Dito e feito. Os dragões venceram por 3-1 e McCarthy chegou aos 20 golos, ultrapassando assim o avançado que, pouco tempo depois, viria a ser seu companheiro no FC Porto. "Contado assim parece que foi fácil, mas eu até de pontapé de bicicleta marquei. E estivemos a perder. Depois empatei a passe do Maniche, fiz o 2-1 após centro do Nuno Valente, na tal bicicleta, e fechei com uma cabeçada após passe do Pedro Emanuel", evoca, com o detalhe que há pouco elogiávamos e que fica bem vincado na precisão com que relata cada lance.

Não é certo que Vítor Pereira tenha a obsessão individual que Mourinho teve há oito anos, mas pelo menos a discussão está aberta e Hulk não se fará rogado caso lhe peçam que entre na disputa.

Fonte: ojogo.pt

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