Impossível não é, mas, no mínimo, será difícil. Depois da derrota (2-1) no Dragão, num misto de obra do acaso e mérito do adversário, a qualificação portista para os oitavos-de-final da Liga Europa passa a obedecer aos rigores de uma contabilidade delicada, que não dispensa a vitória em Manchester e impõe uma exibição perfeita, livre dos deslizes que comprometeram a defesa do título.
A estrutura surpresa do City, montada no galope de Balotelli e na elasticidade de uma estratégia que, para lá da hábil exploração do contra-ataque, tinha como prioridade atenuar a influência do meio-campo portista, encontrou a justificação em pouco minutos. Roberto Mancini, que conhece os Dragões das meias-finais de 2003, já esperava a entrada personalizada do adversário.
Sem espanto, nem receio do opositor milionário, o FC Porto depressa revelou a sua faceta autoritária, impondo o recuo inglês, ditado por presença assídua na área e muita mobilidade do tridente atacante. Não foi jogo de sentido único, longe disso. Helton revelou-se até determinante em momentos-chave, mas o domínio era claramente azul e branco.
O golo foi, por isso, uma questão de ensaio e depuração de movimentos. Quando Varela marcou, aos 27 minutos, Clichy já tinha substituído o seu guarda-redes, a um passo da linha fatal, adiando o inevitável. Sem ninguém que desempenhasse o seu papel, Hart não conseguiu, então, melhor do que um toque insuficiente perante Varela, que não perdoou, na ponta final de um lance rápido com escala no pé esquerdo de Hulk.
Só em desvantagem o Manchester City recuperou a atitude habitual, preferindo, então, a posse e chegando ao empate num lance infeliz de Alvaro, que, num só minuto, o 55.º, viu o cartão amarelo que o impede de jogar a segunda mão e assinou, inadvertidamente, um auto-golo, com a bola a bater-lhe nas costas e a trair Helton, num cruzamento aparentemente inofensivo.
O jogo voltaria à primeira forma, mas numa versão menos intensa e praticamente sem oportunidades de golo que a pudessem enriquecer. Mas, ainda assim, ele voltaria a acontecer, nos instantes finais, sem pré-aviso e depois de um deslize defensivo, que deixou Yaya Touré à vontade para oferecer, perante a saída de Helton, o 2-1 a Agüero, que baralhou ainda mais as contas delicadas da qualificação portista.
FICHA DE JOGO
FC Porto-Manchester City, 1-2
Liga Europa, 16-avos-de-final, 1.ª mão
16 de Fevereiro de 2012
Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 47.417 espectadores
Árbitro: Cüneyt Çakir (Turquia)
Árbitros assistentes: Bahattin Duiran e Mustafa Eyisoy
Quarto árbitro: Suleyman Abay
Árbitros assistentes adicionais: Hüseyin Göcek e Bülent Yildirim
FC PORTO: Helton; Danilo, Rolando, Maicon e Alvaro; Fernando, Lucho e João Moutinho; Varela, Hulk (cap.) e James
Substituições: Danilo por Mangala (22m), Varela por Kléber (77m) e Mangala por Defour (89m)
Não utilizados: Bracali, Rodríguez, Djalma e Alex Sandro
Treinador: Vítor Pereira
MANCHESTER CITY: Hart; Richards, Kompany (cap.), Lescott e Clichy; De Jong e Barry; Silva, Yaya Touré e Narsi; Balotelli
Substituições: Balotelli por Agüero (78m), Silva por Kolarov (82m) e Nasri por Zabaleta (88m)
Não utilizados: Pantilimon, Pizarro, Dzeko e Savic
Treinador: Roberto Mancini
Ao intervalo: 1-0
Golos: Varela (27m), Alvaro (a.g., 55m), Agüero (85m)
Cartão amarelo: Danilo (20m), Yaya Touré (25m), Alvaro (55m), Kompany (59m), De Jong (60m), Barry (61m), Nasri (74m) e Richards (90m+3)
Fonte: fcporto.pt
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